Ali na Esquina  |   Contos   | Galeria  |  Gnosticos  |  Livros  |  Musica   |  Poesias  |   Receitas  |  Guestbook  |  Home  | 


menupoesia

 

Marceline Desbordes-Valmore

(1786-1859)

A coroa desfolhada

Hei-de ir, hei-de ir levar a coroa desfolhada
Ao jardim de meu pai, onde não morre flor.
Longamente abrirei minh'alma ajoelhada:
Meu pai sabe segredos de vencer a dor.

E hei-de, hei-de dizer-lhe,
ao menos com meu pranto:
Olhai, como eu sofri… Meu pai fitar-me á,
E sob a vida gasta e ro rosto sem encanto,
Por ser, como é, meu pai, reconhecer-me-á.

E há-de dizer:
És tu, pobre alma desolada,
A terra foge então
aos teus passos sem norte?
Sou Deus, minha querida,
e o teu pavor é nada.
Eis o lar, eis meu seio, abriga-te da sorte.

Ó clemência! Ó docura! Ó santa paz. Ó pai!
O pranto de tua filha é por ti ouvido!
Tenho-te já na esperança que a ti sobre e vai,
E porque tu possuis quanto me foi perdido.

A flor tu não desprezas, que foi bela um dia:
Esse crime da terra é lá nos céus perdoado.
E não amaldiçoas que mais se perdia
Não por muito vender, mas por tudo ter dado
.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Copyright © 2003 Eulbblue Webdesign Ltd.